sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Ano novo...

    

“O que for a profundeza do teu ser, assim será teu desejo;
O que for o teu desejo, assim será tua vontade;
O que for a tua vontade, assim serão os teus actos;
O que forem os teus actos, assim será o teu destino.”
Brihadaranyaba Upanishad

Começa um novo ano... O simples facto de ser algo “novo”, desperta em nós,consciente ou inconscientemente, de forma assumida ou não, a esperança de que tudo pode ser diferente... Por sermos eternos insatisfeitos, projectos inacabados de nós próprios, somos levados a encarar, cheios de esperança, estas ilusórias contagens de tempo como uma possibilidade de fazermos tábua rasa do que somos e da circunstância em que estamos. No fundo, é como se, uma vez por ano, percebêssemos que podemos ser donos dos nossos dias, que temos outras opções e, em muitos aspectos, a nossa circunstância é-nos imposta apenas por nós próprios. Lamentamo-nos 365 ou 366 dias (nisto da contagem do tempo, importa ser rigoroso) e, durante um minuto, enquanto comemos 12 passas, conseguimos vislumbrar a certeza que de, efectivamente, podemos mudar muito do que julgamos imposto. Mas depois acordamos, no dia seguinte, acomodamo-nos ao que temos, queixamo-nos e esperamos que a vida, o destino, ou um ser transcendente faça o que nos cabe a nós fazer... Em jeito de balanço de vida, no dia 31 de Dezembro, dei por mim a pensar que, mesmo sem querermos, acabamos, não poucas vezes, por cair na rotina do descontentamento, inertes ao que nos rodeia, deixando apenas a vida passar... Podemos até aceitar que "não há caminho", que ele se faz mesmo "ao andar", mas nem sempre os passos que nos fazem avançar, são os nossos. Por isso, o meu grande plano para 2012 é bastante simples, não obstante a complexidade que possa acarretar: quero lembrar-me todos o dias da liberdade que esta condição de humanos dá, quero moldar a minha circunstância, quero ter a certeza de que não deixo nada “por ser” e quero, acima de tudo, que todos os dias sejam meus. Para já, parece-me que vai ser fácil. 

Imagem: O caminho de Pincel

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O retorno

"Queiramos ou não, todos somos, em qualquer momento da nossa efémera (?) existência, assaltados pela sensação de desassossego. Esta sensação traduz-se numa espécie de desconforto interior, de inquietude e, não poucas vezes, de angústia intelectual. São os momentos em que nos deparamos com uma verdade tantas vezes por nós esquecida: o que somos, o que tentamos ser, o que nos rodeia, quem nos rodeia, é um imenso desconhecido onde mergulhamos todos os dias, sempre à procura de sabermos, conhecermos um pouco mais. E estes momentos aparecem-nos em forma de dúvidas, ideias e pensamentos tantas vezes desconexos, diversos, mas sempre acompanhados por essa sensação de desassossego.


Pessoalmente, acredito que a melhor forma de lidarmos com o nosso dasessossego interior é tentar dar um corpo "físico" a estas dúvidas, ideias e pensamentos de inquietude.... De que forma? Perguntar-me-ão. Simples, deixando o desassossego ditar o que vamos guardando cá dentro, formando palavras, frases, parágrafos de respostas às dúvidas, de novos pensamentos e de ideias sempre renovadas.



Eterna amante do pensamento e da escrita, este é o "canto" dos meus desassossegos... A sua origem? A minha, sempre partilhada, experiência e as minhas vivências enquanto ser no mundo."

Este foi o meu texto de apresentação, decorria o ano de 2007. Depois as palavras foram-se "aninhando" noutros sítios e o "Canto" ficou sempre por ser. Hoje, empenhada em recuperar uma ideia antiga, renasce das cinzas. Fica a promessa de que não deixo os pensamentos e as ideias que os descrevem, fugir para outro lugar.